Sozinha
Já
li várias e várias vezes que “estar só é diferente de sentir-se
só”. Mas, o que é estar só? E o que é sentir-se só?
É
verdade que podemos nos sentir só mesmo rodeados de pessoas. Quantas
vezes já não nos sentimos assim?
Como
se estivéssemos em um universo paralelo e totalmente diferente do
que realmente estamos, e nesse universo estivéssemos só, ouvindo as
vozes distantes, vendo os rostos e movimentos de forma embaçada… e
por quê? Por que se sentir assim? O problema é as pessoas? Os
papos? O lugar?
Eu, particularmente, gosto de estar sozinha. Gosto da minha companhia, da
companhia dos meus pensamentos e do meu silêncio. Gosto de conversar
comigo mesma, e rir (sozinha!) dos meus tropeços do dia a dia…
Mas,
e o sentimento de estar só?
Por
que aflige tanto? Responda pra você: você gosta de estar só? Gosta
da sua companhia? Quantas horas por dia você fica sozinho batendo
aquele papo consigo mesmo?
Tem
gente que odeia estar só… tem uma carência imotivada que só o
fato imaginar-se só já é capaz de fazê-lo sair em busca,
desesperadamente, de companhia…
Dizem
que nunca ficamos verdadeiramente só… os que têm fé garantem que
Deus está a todo momento do nosso lado (mesmo com tanto afazeres e
tantas orações para responder, ele está ali disponível 24h por
dia pra você!), já os que não creem afirmam que essa
impossibilidade vem dos átomos, prótons e nêutrons que estão nos cercando e, a
todo momento, nos furtando a solidão.
Mas,
e o sentimento de estar só?
Frequentemente,
aumenta-se o número de pessoas sozinhas em lugares como cinemas,
bares, lanchonetes, baladas… e aqueles que não entendem nada sobre
“estar só, apenas em sua própria companhia” acabam por julgar,
olhar torto, como se estivessem vendo um alienígena ou um ser digno
de pena por estar sozinho.
Tenho
pena desse tipo de julgamento. Tenho pena dessas pessoas que não
sabem estar só. Tenho pena dessa necessidade desenfreada de estar
acompanhado, muitas vezes com pessoas vazias, fúteis, verdadeiros
sangue-sugas, que sugam sua energia e alegria, pessoas que apagam seu
brilho e te diminuem, constantemente, para que você caiba no mundo
delas. Tenho pena… Não por serem pobres coitados indefesos, mas
tenho pena porque esses “carentões” acabam por perder a
verdadeira delícia da boa companhia. Acabam perdendo a oportunidade
de se conhecer, conhecer seus próprios gostos, conhecer seus “Sim’s"
e seus “Não's”. Não desfrutam do prazer de estar no guichê do
cinema e escolher o filme que se quer ver sem influência de
terceiros ou sem ter que aguentar a cara feia dos “vencidos pela
maioria”. Não sabem como é bom poder escolher o que quiser no
cardápio sem preocupar com o pré-julgamento do outro ou até mesmo
poder escolher a bebida que quiser sem a obrigação de tomar aquele
drink horrível só pra “poder acompanhar”.
Tenho
pena, pena do sentimento de estar só mesmo acompanhado, pena do não
conhecer a si, pena do não querer estar consigo…
E
o mais engraçado, e o que mais me faz pensar é: se nem você mesmo
gosta da sua companhia como é que você vai querer isso dos outros?
Esteja
sozinho e goste disso. Desfrute de sua companhia, se desligue do
mundo! Curta seu momento!
Ah,
mas com que tempo eu faria isso?
É
simples, faça isso com aquele tempo que você perde em estar
acompanhado e mesmo assim se sentindo só.
Mas,
afinal, o que é se sentir só?
Estou
aqui, sozinha, na fila do cinema, em um sábado a tarde e estou
amando isso! Afinal, “estar só é diferente de sentir-se só”.
H.
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