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Pai e filho


Pai e filho




Pouco mais de cinco anos minha vida mudava por inteiro. Eu já tinha o prazer e a emoção da paternidade, e olha que de uma forma completa. Minha princesinha é sem dúvidas a coisa mais linda e mais doce que já vi na vida. Seis anos após conhecer a paternidade, de forma confusa, tive a notícia que você estava por chegar, ainda novo e sem muita maturidade acompanhei você na barriga da mamãe e fui em todas às vezes ver como estava seu crescimento lá dentro. Assisti você nascer, cheguei em cima da hora, um pouco atrasado, mas levei sua mamãe para sua chegada.
Ver você nascer (chorava tanto quanto você!), me fez explodir de emoção e naquele dia percebi que minha vida seria diferente.
Você era um bebê lindo, forte, gordo e desde pequeno já com uma personalidade incomparável. Não me esqueço de cada vez que deitava tão pequenino no meu peito e dormia totalmente entregue a uma confiança que só nós dois entendemos...
Desde pequeno, por mais que os conflitos dos “adultos” dificultavam a proximidade que temos, seu sorriso, seu grito de “PAPAI!!!” enchia meu coração e me fazia mais bobo do que sou. Chegamos a passar alguns meses quase sem nos vermos, e ainda guardo sua fisionomia ao te buscar em nossa primeira visita “regulamentada”.
São quase cinco anos e você me fez amadurecer, ver o mundo de uma forma diferente, criar uma responsabilidade que o papai não tinha, você me fez crescer.
Hoje vivo pensando no seu futuro, no futuro dos seus irmãos, e, diante da necessidade desse crescimento, ainda aprendo com você. Aprendo com seu silêncio, com a forma que, mesmo sendo tão novo, você ama e tenta defender seus irmãos, caramba que personalidade, hein?!
Você me ensina com seu gênio forte e cara amarrada e me desmancha com seu abraço apertado perguntando se sou seu amigo.
Há poucos dias tive a notícia que esse dia a dia vai diminuir, que aquela regulamentação de mais nada vai adiantar. O que, obrigatoriamente, me era permitido te levar para ficarmos a sós, perdeu a força.
Mil e trezentos quilômetros será nossa distância.
Quando batia aquela saudade e eu aparecia do nada para te ver, te levar à escola, dar um ”oi”, não irá mais acontecer... Para matar a saudade teremos apenas o telefone. As visitas de finais de semana serão anuais.
Mas, isso nada muda! Ainda serei seu amigo, ou melhor, SEU MELHOR AMIGO!
A distância vai sim levar nosso dia a dia, o dormir juntos, até mesmo a frequência com que você se assustava a me ver te olhando do nada pela janela. Mas, ela não vai me levar você, não vai levar meu amor, como também não vai levar o seu.
Vai, meu filho! Cresça e torne-se um bom homem. Cuide de você pra mim. E não se esqueça de que o papai vai estar sempre aqui, sempre ao seu lado.
E, não mais clichê que isso, EU TE AMO!
Mais que seu pai, seu aluno, seu amigo... Ou melhor, SEU MELHOR AMIGO!


R.

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